quinta-feira, 29 de maio de 2008

DEPRESSÃO EM IDOSOS
A depressão é uma doença que acomete indivíduos de todas as faixas etárias, de diferentes classes sociais e níveis econômicos. A diferença entre a depressão em idosos e depressão em jovens talvez seja o fato de que os idosos têm menos apóio e motivação para se recuperar da doença.
A OMS calcula que 450 milhões das pessoas que procuram serviços de saúde tenham problemas mentais e psicossociais não corretamente diagnosticados e tratados. Apesar de não haver estudos observacionais que avaliem o manejo de rotina dos quadros depressivos, os resultados costumeiros sugerem que os cuidados não são consistentes com diretrizes baseadas em evidências. Um exemplo é que 80% das pessoas que cometem suicídio consultaram um clínico geral no mês que antecedeu as mortes, mostrando inadequado manejo.
A característica essencial da Perturbação é a evolução clínica que é caracterizada por um ou mais Episódios Depressivos. Os episódios seguem-se frequentemente a um agente estressor psicossocial intenso, tal como a morte de um familiar ou um divórcio. A sintomatologia surge a nível emocional, físico e cognitivo. Os sintomas emocionais causam ansiedade, preocupação, nervosismo e hipervigilância. Palavras e frases como por exemplo “triste”, “angustiado”, “péssimo”, são utilizadas para descrever os sintomas emocionais.
A depressão no idoso apresenta-se de forma mais habitual com os quadros pouco sintomáticos e de evolução lenta, que se associam com alterações hormonais, consumo de medicamentos por iniciativa própria, como anti-hipertensivos, ansiolíticos e hipnóticos, e com situações de solidão e perda, como a morte do parceiro, a falta de apoio social ou familiar, uma mudança ou uma internação em uma instituição (RUIPÉREZ & LLORENT, 1996).
O aumento de atividade do sistema nervoso autônomo, que controla as atividades involuntárias de órgãos e de outras partes do corpo humano, dá origem aos sintomas clínicos. Na doença depressiva poderão ocorrer sintomas físicos como por exemplo a redução do apetite e a perda de peso; alterações no sono com a dificuldade em adormecer/manterem-se adormecidos; fadiga, manifestando-se como uma sensação de redução de energia e cansaço físico.
Considerada como a patologia mais freqüente no idoso, a Depressão, é normalmente, apresentada de maneira atípica ou indireta, ou seja, encoberta por múltiplas e variadas queixas somáticas e associadas a quadros de ansiedade. Com o avanço da idade o ser humano pode desenvolver o sentimento de que se inicia a última etapa da sua vida, desencadeando um estado depressivo com a percepção do envelhecimento, valorizando negativamente, se estiverem presentes, a sensação de inutilidade, insuficiência, ansiedade e irritabilidade.
Nesse contexto, ao perceber que não pode mais agir como antes sobre o mundo, a pessoa idosa ao que parece, não vê outra escolha senão retirar-se do mundo, mergulhando pouco a pouco em um profundo estado de depressão (RUSCHEL, 2001).
É bem verdade que o idoso convive com limitações da própria idade, as quais podem prejudicar sua independência e autonomia para desenvolver determinadas atividades. Mas, é preciso que ele seja estimulado a, inicialmente, organizar seu tempo fazendo projetos de vida com criatividade, energia e iniciativa isto é, dando significados a vida para que esta não caia no vazio (LIMA , 2000).
São considerados fatores de risco psicossocial na Depressão no Idoso:
● Morte do cônjuge ou ser querido (risco: maior no primeiro ano);
● Enfermidade médica ou cirúrgica;
● Baixa autopercepção da saúde;
● Incapacidade e perda de funcionalidade;
● Escasso suporte social;
● Isolamento social;
● Solidão;
● Baixa qualidade de vida;
● Incremento do uso dos serviços de saúde;
● Deterioro cognitivo;
● Risco de cronicidade;
● Maior risco de evento vascular e de mortalidade;
● Risco da perda funcional e de incapacidade;
● Alto risco de suicídio.
Na avaliação da sintomatologia da depressão do idoso é importante fazer referência ao seu contexto de vida e às respostas do seu ambiente. Um estado depressivo consecutivo a uma viuvez num idoso, não é comparável a um estado depressivo não associado com fatos de vida identificáveis.
Utilizam-se questionários da depressão ou escalas de bem-estar subjetivo que o idoso preenche. O bem-estar subjetivo é o nível de prazer que a pessoa conservou. Os fatores determinantes do bem-estar são a congruência sentida pelo indivíduo entre os projetos que realizou e os projetos que desejou realizar. Quanto mais fraca a congruência, mais forte é o estado depressivo. Uma avaliação adequada, da seqüência temporal dos sintomas depressivos e cognitivos, evolução da doença e resposta ao tratamento ajudam a efetuar esta determinação.
O suicídio nos idosos está muitas vezes associado a um estado depressivo, consecutivo à morte do cônjuge. Surge na maioria dos casos como um ato de vontade de acabar com a vida.
O tratamento da depressão no idoso passa pela farmacologia e psicoterapia. Sabendo-se que a depressão está ligada, do ponto de vista neurofisiológico, a uma anomalia no funcionamento dos neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina, utilizam-se dois tipos de medicamentos, os antidepressivos e os inibidores (ANDRÉ, 1995).
Sendo a depressão influenciada tanto por fatores internos como função física e estado psicológico quanto por fatores externos como ambiente social e estilo de vida é de se esperar seu impacto negativo sobre vários aspectos da qualidade de vida (DEMURA & SATO, 2003).
Nesta perspectiva torna-se necessário que as instituições promotoras de saúde e a sociedade organizem-se no sentido, de responder adequadamente às necessidades da população idosa.

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